Marcos Evangelista é professor de Artes da EEEP Jaime Alencar de Oliveira. Veio da escola regular e ingressou na escola de educação profissional em 2014.

O que é fantástico numa disciplina de artes é que a gente faz um ciclo meio que contrástico, já que numa escola profissionalizante temos que desenvolver a formação técnica com os meninos. Ao falar de arte moderna, por exemplo, direciono para a informática uma ideologia, outra para eletromecânica, como se o mesmo conteúdo conversasse de outra forma, dependendo da sala que eu entro.

Outra questão que vejo como importante é quebrar esses paradigmas técnicos e trazer mais o pensamento político, a questão social, humana, para dentro da sala de aula. Como os meninos transitam nessas aulas, entre a base comum e técnica, uma hora estão tendo aula de artes, outra estão no laboratório mexendo com a parte técnica, então é um modo de formá-los como cidadãos.

Por ser um curso profissionalizante, eu destaco essa idéia de emancipação política, no sentido de que eles saem técnicos, vão mexer com máquinas, mas têm consciência política, consciência social. Esse é meu objetivo como professor. Eles vão ser o que eu chamo de apocalípticos e integrados, porque vão ter que mexer com a indústria cultural, citando o exemplo do curso de áudio e vídeo, mas vão ter que ser também críticos da indústria cultural.

Ana Keully é professora de Português da EEEP Jaime Alencar de Oliveira. Era professora de uma escola particular e ingressou na escola de educação profissional no segundo semestre de 2014.

Eu venho de uma escola particular em que o ritmo e o sistema são outros. É a minha primeira experiência em escola profissionalizante e aqui tem um diferencial porque é realmente uma família. Por passarmos dez horas do dia com esses meninos, acabamos conhecendo bem mais do que a própria família. Essa experiência para mim está sendo única a gratificante. Estou aqui há quatro meses e não tive a fase de adaptação, tive que fazer acontecer nesse período porque já peguei o bonde mais do que andando. Você conhece o aluno pelo nome e sobrenome, pelo pai, tem esse envolvimento que nas outras escolas não existe porque não dá tempo.

Nós temos uma liberdade maior e esse é um dos principais pontos que me fez permanecer aqui e gostar. Eu tenho a liberdade de trabalhar a literatura, que está envolvida com a arte também, de forma a fazer com que os meninos vejam e percebam coisas que o livro não consegue mostrar.

Eu destaco a autonomia que temos para trabalhar e os meninos acabam agregando a isso a responsabilidade, porque a autonomia tem que ser utilizada com responsabilidade. Não é porque você é livre que pode fazer o que quiser. Os meninos não têm barreiras com a gente, muito pelo contrário, somos bem acessíveis.

Sávio Ponte é professor do curso técnico de Produção de Áudio e Vídeo da EEEP Jaime Alencar de Oliveira. Dava aulas particulares de informática e música até ingressar na escola em 2013.

Comecei a dar aula aqui mesmo, pouco depois da inauguração da escola. A única experiência que tive fora foi com aula particular de informática e música. Eu nunca tinha exercido essa função de ensinar em sala de aula. Fiz o concurso, entrei aqui e foi uma experiência notável. Eu me descobri como professor. Se sentir educando e acompanhando a experiência dos alunos é incrível, não me imagino fazendo outra coisa hoje em dia. É um grau de paz que traz para a sua própria vida, se sentir quase como um tutor deles em relação ao que vão ser lá fora.

A escola trabalha muito bem esses três pilares que são a formação do ensino médio, até para puderem fazer uma faculdade depois; a formação técnica, em que sou responsável no caso de áudio e vídeo; e a formação cidadã. Como o tempo é amplo, a gente consegue trabalhar uma série de atividades que transcende a sala de aula. No laboratório, por exemplo, eu deixo eles filmarem na própria escola para fazer um curta metragem. São experiências em que vão desenvolvendo um pouco do protagonismo também, fazendo as próprias escolhas. Acho isso bem legal.